Encontrar um bom jardineiro
nos dias de hoje é uma arte. Eles estão
em extinção! O que mais eu vejo por ai são aqueles guardinhas de rua que de
noite ficam na guarita, e de dia trabalham de jardineiro para fazer um bico;
eles não vestem a camisa, fazem apenas o “politicamente correto”. É preciso
ficar ao lado deles o tempo inteiro, para evitar uma possível catástrofe, como
a de podas exageradas. (Eu tive um
caseiro no sítio que certa vez cortou no toco sem me consultar o meu pé de
arruda que estava simplesmente maravilhoso – eu nunca tinha visto um pé de
arruda como o meu, e também nunca vou
esquecer da dor que fiquei no coração depois daquela poda. Eu me senti mutilada,
invadida.)
O verdadeiro jardineiro ama a
sua profissão – o primeiro sinal que percebo vem dos olhos, que brilham diante
do desafio da tarefa . Eles tem fome de fazer o serviço acontecer. Isso não tem
nada a ver com dinheiro. Tem a ver com
energia. Eles precisam gastar essa energia, é uma necessidade física – e isso
não tem nada a ver com “muque”. O melhor jardineiro que conheci era magricelo,
jamais diria que ele era o melhor pelo biótipo.
Quando o cara é bom, ele tem um bom senso
fenomenal, tudo que ele sugere faz sentido - ele te ensina aquilo que nenhuma
escola pode te ensinar, pois ele tem a vivência na prática - ele é quem vai com
o corpo, enquanto o paisagista vai com a cabeça. E como
o ditado diz “quando a cabeça não pensa, o corpo padece”, eu diria que
muitas vezes o jardineiro (o corpo) tem um olhar tão ou mais importante do que
o paisagista (a cabeça), pois ele literalmente “sente na pele” as consequências
das ações, e por isso na maioria das vezes
ele faz uma análise muito sensata. Ele é o grande conselheiro do jardim.
Meu respeito eterno ao jardineiro Amaury de Paraty (também
conhecido como Zoião) – o senso estético que ele tem vai além da imaginação –
ele na cidade é disputado a tapa. Dedo verde, mãos de tesoura, como quiserem
chamar. Onde ele bota a mão dá para ver que foi ele – fica uma marca muito
pessoal. Se não fosse jardineiro, seria arquiteto com certeza! Meu respeito vai também para o Agamenon, uma
paraibano que mora em SP, e que eu sempre disse: ele é um jardineiro malabarista em alta velocidade – se não fosse jardineiro, possivelmente seria um artista do circo de soleil!
A direita o jardineiro Amaury (Zoião) |
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