sexta-feira, 11 de abril de 2014

O paisagismo é um grande quebra-cabeça. A peça chave é encontrar um bom jardineiro.

Encontrar um bom jardineiro nos dias de hoje é uma arte.  Eles estão em extinção! O que mais eu vejo por ai são aqueles guardinhas de rua que de noite ficam na guarita, e de dia trabalham de jardineiro para fazer um bico; eles não vestem a camisa, fazem apenas o “politicamente correto”. É preciso ficar ao lado deles o tempo inteiro, para evitar uma possível catástrofe, como a de  podas exageradas. (Eu tive um caseiro no sítio que certa vez cortou no toco sem me consultar o meu pé de arruda que estava simplesmente maravilhoso – eu nunca tinha visto um pé de arruda como  o meu, e também nunca vou esquecer da dor que fiquei no coração depois daquela poda. Eu me senti mutilada, invadida.)
O verdadeiro jardineiro ama a sua profissão – o primeiro sinal que percebo vem dos olhos, que brilham diante do desafio da tarefa . Eles tem fome de fazer o serviço acontecer. Isso não tem nada a ver com dinheiro.  Tem a ver com energia. Eles precisam gastar essa energia, é uma necessidade física – e isso não tem nada a ver com “muque”. O melhor jardineiro que conheci era magricelo, jamais diria que ele era o melhor pelo biótipo.
 Quando o cara é bom, ele tem um bom senso fenomenal, tudo que ele sugere faz sentido - ele te ensina aquilo que nenhuma escola pode te ensinar, pois ele tem a vivência na prática - ele é quem vai com o corpo, enquanto o paisagista vai com a cabeça.  E como  o ditado diz “quando a cabeça não pensa, o corpo padece”, eu diria que muitas vezes o jardineiro (o corpo) tem um olhar tão ou mais importante do que o paisagista (a cabeça), pois ele literalmente “sente na pele” as consequências das ações,  e por isso na maioria das vezes ele faz uma análise muito sensata. Ele é o grande conselheiro do jardim.

Meu respeito eterno  ao jardineiro Amaury de Paraty (também conhecido como Zoião) – o senso estético que ele tem vai além da imaginação – ele na cidade é disputado a tapa. Dedo verde, mãos de tesoura, como quiserem chamar. Onde ele bota a mão dá para ver que foi ele – fica uma marca muito pessoal. Se não fosse jardineiro, seria arquiteto com certeza!  Meu respeito vai também para o Agamenon, uma paraibano que mora em SP, e que eu sempre disse: ele é um jardineiro malabarista em alta velocidade – se não fosse jardineiro, possivelmente seria um artista  do circo de soleil!

A direita o jardineiro Amaury (Zoião)
Agamenon removendo palmeira praguejada



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